"Ande mais rápido, não olhe para trás, ele pode estar por aqui em qualquer lugar, qualquer beco ou em qualquer viela" - dizia minha mente aflita mandando impulsos de pânico para o meu corpo inteiro.
Minhas pernas nessa altura já estavam bambas e mal conseguiam sair do lugar, minha respiração estava eufórica e eu não tinha condições para lutar, a única saída era correr, pois os meus gritos de pânico se calavam dentro de uma rua solitária. Não havia ninguém, não havia para onde fugir, meus passos começaram a serem silenciados e com isso eu comecei a ficar sem esperanças, pois a qualquer momento ele estaria atrás de mim e não sobraria vestígios, um crime completamente planejado. Minhas mãos trêmulas tentavam recuperar uma única barrinha de sinal, mas nem o celular estava colaborando naquele momento, não havia ninguém, apenas eu e meus pensamentos conturbados.
"Eu estou ouvindo, você não está? Ele está por perto, não há mais como fugir" - minha mente insistia deixando, cada vez mais, meus pés grudados ao chão.
De repente, minha respiração começou a ficar mais lenta, eu conseguia ouvir seus passos. Minha mente estava certa, não havia para onde fugir, não havia como gritar, o único jeito era tentar encarar aquela situação, eu precisava arrumar um jeito para conseguir escapar ilesa. O silêncio predominou, porém, seus passos começaram a quebrar o silêncio, não se passaram nem dois minutos e ele já estava atrás de mim, seus olhos eram de extrema ameaça e eu me calei de um jeito que nenhuma palavra conseguia sair de minha boca. E ele continuava encarando da mesma forma que ia se aproximando, eu tentei correr, mas ele agarrou em meus braços para que eu não conseguisse fugir de forma alguma.
- Eu me arrependo das coisas que eu fiz para você, eu nunca amei alguém da forma que eu te amei e ainda amo, vamos ficar juntos, precisamos ficar juntos. - disse com suas mãos firmes em meus braços.
- Entenda, meu coração não pertence mais a você, tivemos bons momentos, mas agora, eu prefiro seguir meus passos sozinhas, como já havia dito anteriormente. - disse com um olhar aflito.
- Mas, eu preciso de você, se você não ficar comigo, depois dessa conversa eu vou dar um tiro em minha cabeça, será o final mais trágico que você nunca esquecerá. - disse ele mexendo em sua mochila.
Os minutos começaram a passar, não havia como conversar, pois ele estava desesperado, sua consciência já não estava mais em si e atitudes precipitadas começaram a surgir em sua mente. E eu, comecei a ficar com muito medo, comecei a acreditar que aquele seria o meu fim.
- Eu já sei, você está apaixonada por outro, vou acabar com tudo o que liga vocês dois, pois você será sempre minha e de mais ninguém. - ele disse com as mãos em seu celular.
- Não, você não pode fazer isso, acabe comigo mas não acabe com uma pessoa que não tem nada relacionado, eu estou aqui, entrego a minha vida pelas as pessoas que eu amo. - disse ao conseguir tirar as mãos dele de meu braço.
- Eu não quero você, quero destruir tudo o que você construiu até agora, pois é isso que eu faço, faz parte do meu show, meu amor. - falou com uma fúria extrema em seus olhos.
O relógio começou a marcar o tempo que estava passando, minha paciência estava zerada, o meu limite havia acabado faz tempo e o meu único pensamento foi acabar com o que ele, antes que ele acabasse comigo. Uma atitude desesperada, um pensamento ruim, fez com que minhas mãos ocupassem o seu pescoço e sem ao menos pensar nas consequências eu comecei a usar toda a minha força, eu poderia acabar ali com uma vida, mas isso não se passava pela minha cabeça. Porém, um golpe certeiro me arremessou longe, e ali eu estava, com lágrimas em meus olhos e um desespero extremo em todo o meu corpo.
- Não há como fugir, eu sou mais forte e com duas ligações eu posso destruir toda a sua vida. - disse com uma voz ofegante.
- Eu faço o que você quiser, porém, você deverá me prometer que não irá encostar um dedo nas pessoas que eu amo.
- Apenas fique aqui comigo e eu prometo que irei embora e nunca mais vou querer saber sobre você. - disse com um olhar sincero.
Eu permaneci ali por um bom tempo, o desespero continuava insistindo e o que mais fazia era chorar. Queria ir embora logo, queria que tudo terminasse bem.
- Já chega, tenho que ir embora, fique tranquila, não irei fazer nenhum mal à você, desta vez irei desaparecer e nunca mais vou querer notícias suas. - disse colocando a mochila em suas costas com um sinal de adeus.
Enxuguei minhas lágrimas, arrumei meus cabelos, tentei cobrir os hematomas expostos em minha pele e comecei a retornar para a minha casa. Porém, sua promessa não foi verdadeira, pois antes de chegar em casa ele conseguiu destruir tudo o que ele disse que iria destruir. Acabou com todos os sentimentos bons que as pessoas poderiam sentir por mim, terminou de partir corações que já estavam partidos, cavou a minha própria fossa. E assim, depois que tudo já estava aos cacos, ele foi embora, voltando com uma cara lavada e um sorriso em seu rosto. Sua "missão" estava cumprida, ele conseguiu deixar com que o medo me perseguisse por dias e obrigou as pessoas a se afastarem de mim.
Hoje, eu acordei com o pânico presente em todos os cantos, amanhã será um novo dia, com isso terei possibilidades para mudar esta carga negativa que foi implantada em meu corpo. Porém, eu continuo aflita, pois nunca se sabe quando ele poderá voltar e aplicar um novo bote sobre mim. Eu só não sei, como uma pessoa dessa consegue falar que sente amor, pois amor quando se mistura com possessão se torna doença e é assim que ele volta para a sua vida, com uma doença instalada em sua personalidade. Ontem, eu fui a vítima, amanhã será quem?